A tarefa de elaborar um calendário anual de cursos Preliminares e Básicos fica a cargo de cada Região Escoteira, e esta é também responsável por criar todas as facilidades necessárias para que a execução destes cursos aconteça de forma organizada. Cada tipo de curso exige uma montagem peculiar e uma documentação específica, conforme definido pelas Diretrizes Nacionais de Gestão de Adultos e pelo POR. Esta documentação é formada pelos documentos de organização de direção, de execução, de apoio administrativo e de documentos de orientação e estudo dos alunos.
Vale destacar aos formadores que o principal objetivo de um curso é a aprendizagem dos alunos.
A Equipe de Formação, ao planejar um curso, deve ter sempre presente a necessidade de criar um “ambiente” destinado a tornar atraente o ensino. Entretanto, é preciso não se deixar empolgar por
este “ambiente”, fazendo do curso uma “obra de arte” em matéria de jogos, correrias e ruidosa alegria em detrimento da principal finalidade pois esta é que, didaticamente, deve empolgar.
Todas as atividades formativas da UEB devem criar um “campo de aprendizado”.
Sob este conceito denominamos uma estrutura imaterial, mas real, que atravessa o curso em todas as suas direções, influindo na conduta dos participantes e facilitando o aprendizado. Alguns dos
fatores que interagem entre si e geram um campo de aprendizado são: a relevância do conteúdo, o interesse pelo crescimento pessoal de cada participante, o incentivo à participação, a criatividade e a inovação, o reconhecimento oportuno das conquistas, o estímulo das opiniões divergentes, a disposição dos formadores em aprender, e o ambiente criado no espaço de trabalho.
Se uma Região Escoteira, através de sua Equipe Regional de Formação, planeja realizar um Curso Preliminar ou Curso Básico, admitimos que duas perguntas já foram realizadas e suas respostas já estão definidas.
POR QUE REALIZAR UM CURSO?
Porque muitos escotistas/dirigentes ou candidatos a escotista/dirigente desejam atender à necessidade que sentem de melhorar seus conhecimentos quanto aos Princípios e Método Escoteiro, bem como a aplicação de atividades escoteiras e administração de grupos escoteiros.
PARA QUE REALIZAR UM CURSO?
Para que o Escotismo local seja aplicado com mais produtividade e eficácia, propiciando aos jovens mais possibilidades de aprimorar sua personalidade, especialmente seu caráter, contribuindo desta forma para que ele assuma seu próprio desenvolvimento.
Dada estas duas perguntas fundamentais, e tendo estas como sendo o alicerce do processo organizacional de um curso, partimos para outras perguntas importantes, que se referem a logística que deverá ser emprega para que um Curso Preliminar ou um Curso Básico seja um sucesso:
QUANDO?
- De acordo com os calendários Distritais, Regionais ou Nacional.
- Época de férias
- Primavera, verão, outono ou inverno.
- Finais de semana prolongados.
- Final de semana normal
- Duração do curso
- Duração de suas etapas.
- Quantas etapas?
ONDE?
- Local.
- Acantonamento ou acampamento
- Deslocamento
- Transporte
- Alimentação
- Recursos de emergência
- Água potável
- Local para banhos
- Lenha
- Condições do ambiente
O QUE VAMOS FAZER? (Programa)
- Objetivos a serem atingidos
- Reuniões preparatórias
- Estudos domiciliares
- Temas escolhidos
- Atividades a serem incorporadas.
- Programa a ser seguido
- Adaptações previstas.
- Programa de lazer/descontração.
PARA QUEM?
- Que tipos de participantes.
- Requisitos
- Com que necessidades?
- Como motivá-los
COM QUEM?
- Formação da Equipe do Curso
- Com que características
- Conhecem o assunto?
- São especializados? Em que?
- São formadores?
- São apoiadores?
COM QUE?
- Material necessário
- O que deve ser providenciado com antecedência
- Material de secretaria
- Material de campo
- Materiais de jogos
- Material de pioneirias
COMO?
- Formalizado
- Divulgado
- Planejado
- Executado
- Criticando
- Relatando
- Registrando
Isto posto e eventualmente imaginando mais detalhes, devemos realizar um cronograma das tarefas a serem realizadas para prever o início de cada curso, sua execução e o final.
O QUE DEVE SER OBSERVADO ANTES DA REALIZAÇÃO DO CURSO:
Convidar o Diretor do Curso: A Diretoria Regional ou Nacional designará um diretor para o curso, seguindo as orientações do POR no que se refere aos critérios de nomeação:
REGRA 130 – Nomeação de Diretores de Curso
A nomeação de Diretores de Cursos Básicos (DCB) e Diretores de Cursos Avançados (DCIM), com mandato de 3 (três) anos, será feita pela Diretoria Executiva Nacional, mediante proposta da respectiva Diretoria Regional, e atendidos os pré-requisitos:
a) Diretor de Curso Básico (DCB): exercer a função de Assessor Pessoal de Formação; ter sido aprovado em Curso de Formadores 1 (CF1); ter atuado em equipes de cursos ministrando seções; ter coordenado um módulo, oficina ou seminário de formação; ter participado, após a conclusão do Nível Avançado, de um seminário, oficina ou curso regional e/ou nacional de formação.
b) Diretor de Curso Avançado/ Insígnia da Madeira (DCIM): exercer a função de Assessor Pessoal de formação; ter atuado como DCB por pelo menos dois anos; ter sido aprovado em Curso de Formadores 2
(CF2);ter atuado em equipes de cursos; ter dirigido pelo menos um Curso Preliminar e um Curso Básico e ter participado de pelo menos outro seminário, oficina ou curso nacional de formação.
Ao término do período de nomeação como Diretor de Curso, a respectiva Diretoria Regional, após avaliar o desempenho, nos mesmos termos para nomeação, poderá solicitar sua renomeação por outro período e, assim sucessivamente.
O POR não prevê critérios para nomeação de Diretores de Curso Preliminar, mas deve-se levar em consideração a formação do candidato no momento do convite, tendo este pelo menos a Insígnia da Madeira.
Para diretores de curso menos experientes recomenda-se uma “Direção Tutorada” por um formador mais experiente.
Confirmação do Diretor do curso e indicação da equipe do curso: Após a aceitação do convite o referido diretor deverá compor a sua equipe levando em consideração as características e habilidades pessoais de cada instrutor.
Além dos instrutores, o Diretor poderá contar também com uma equipe de apoio, responsável por disponibilizar facilidades de cunho operacional para os instrutores e alunos (preparação da sala, coffee break´s, material, etc...). É recomendável que o Diretor faça o convite a sua equipe de maneira formal.
Reunião Prévia com a Equipe e distribuição das tarefas: A equipe do curso deverá se reunir pelo menos uma vez antes da execução do mesmo. Nesta reunião deverão ser distribuídas as
Unidades Didáticas (UD´s) e apostilas e a grade do curso deverá ser montada, levando em conta a disponibilidade de tempo de aplicação de cada UD.
Checagem do material didático: Sempre é recomendável que cada instrutor revise a sua UD, o conteúdo a ser aplicado e eventuais recursos de apoio que devam ser utilizados para a aplicação de sua unidade.
Definição do local do Curso: Devem ser consideradas as condições de conforto, visibilidade e acústica. O local ideal seria um conjunto de instalações que contivesse minimamente uma boa sala de aula, ampla, clara, com ótima acústica, fresca e bem mobiliada; uma área coberta para jogos ou atividades práticas, em caso de chuva ou sol intenso; alojamentos e banheiros, masculinos e femininos, em número suficiente; cozinha e sala de refeição; depósito de gêneros materiais; sala de trabalho e de reuniões da equipe; sala ou local de lazer para os alunos; área ao ar livre suficientemente ampla para realizar as atividades de campo.
O local do curso deve ser livre de influências perturbadoras, tanto acústicas como visuais. Isso permite a concentração dos alunos.
O local selecionado deve ser agradável, fresco e com área verde, para que o aluno, mesmo quando em sala, sinta-se em contato com a natureza e viva o ambiente de campo.
A limpeza e arrumação colaboram muito para tornar o ambiente agradável. Uma boa decoração contribuiu bastante para o rendimento do curso.
Visita antecipada ao local é imprescindível para que todos os itens acima sejam previamente verificados e eventuais ajustes possam ser providenciados com antecedência.
Finalmente é bom salientar que o melhor local para um curso não é o mais agradável e sim o que conduz, o mais agradavelmente possível, aos objetivos de aprendizagem.
Divulgação do curso: Para um curso acontecer se faz necessária a presença dos alunos, e para termos alunos é muito importante ter um processo de divulgação antecipada. Notas no site, newsletter, tele-marketing e até mesmo correio são ferramentas que devem ser empregadas para obter uma boa adesão.
No material de divulgação é importante constar a data, local, croqui de acesso, hora de início e término, valor do investimento, requisitos para participar, como fazer a inscrição, última data para inscrição, etc...
Inscrições e verificação dos requisitos: Recebidas todas as inscrições deverão ser verificados se todos os alunos cumprem os requisitos estabelecidos para a participação. Vale destacar que o POR estabelece os seguintes requisitos para participação em cursos:
REGRA 131 – Participação em Cursos
Para participar das Linhas e Níveis de formação, os adultos deverão atender aos seguintes requisitos:
a) Nível Preliminar: ter 18 anos completos, estar em dia com suas obrigações administrativas e financeiras e aprovação de seu Assessor Pessoal de formação;
b) Nível Básico: ter realizado a Promessa Escoteira, ter concluído o Nível Preliminar, estar em dia com seu registro na UEB, obrigações administrativas e financeiras e aprovação de seu Assessor Pessoal de Formação.
É importante constar na ficha de inscrição informações sobre a saúde dos participantes, limitações e restrições alimentares, e a equipe do curso tomar conhecimento com antecedência.
Participantes: A quantidade de participantes em cada atividade está diretamente relacionada à sua natureza. Recomendamos nos Cursos Seqüenciais um número mínimo de 12 (doze) e máximo de 32 (trinta e dois) alunos. Entretanto, face às diferenças regionais e peculiaridades dos Ramos os números mínimos podem variar, desde que autorizados pelo Nível Regional.
Emulação: Trata-se de repartir os alunos em equipes (grupos de trabalho, matilhas ou patrulhas) de modo a facilitar o aprendizado e a administração do curso e, ao mesmo tempo, reforçar o espírito de equipe. Estabelecendo-se, quando for necessário, a concorrência entre equipes.
A disputa leal e fraterna entre as equipes (grupos de trabalho, matilhas ou patrulhas) contribuiu para tornar mais atraente o aprendizado, além de se constituir em poderoso veículo de motivação interior. Além do disposto acima vale ressaltar que é uma maneira dos alunos vivenciar, de fato, um dos pontos do Método Escoteiro: Vida em Equipe.
Atividades Prévias e Estudos em Domicílio: O Diretor do curso e sua equipe podem solicitar aos alunos atividades, tarefas específicas ou estudos para serem entregues no dia do curso.
Materiais e Recursos: Materiais de papelaria como cartolinas, pincel atômico, folhas A4, lápis, canetas, fitas crepe, revistas velhas, etc devem sempre fazer parte do “kit curso”. É importante que cada instrutor indique ao diretor os materiais específicos que irá utilizar.
A literatura escoteira também deve estar presente no ambiente, em boa quantidade e diversidade, dando aos alunos a oportunidade de conhecê-las e manuseá-las em caso de consulta ou trabalhos.
Outros recursos e tecnologias podem incluir: notebook e multimídia, flip chart, retroprojetor, aparelho de som, etc...
Preparação do local: O local deve ser preparado antecipadamente para receber os alunos. Cadeiras, mesas de trabalho e disposição dos materiais devem estar prontos antes do início do curso.
Transporte: A logística de transporte deve ser considerada, tendo como opções o deslocamento por responsabilidade de cada aluno participante, ou o fretamento de transporte, feito pela equipe, para o deslocamento dos alunos até o local.
Alimentação: A alimentação poderá ser terceirizada ou feita pelos próprios alunos, através de cardápio fornecido pela equipe. Esta última opção levará em consideração se o local possui estrutura de fogões e utensílios para cozinhar.
É importante verificar na ficha de inscrição dos alunos se os mesmos não possuem restrições alimentares.
Segurança: Esquema de segurança/emergência deve ser preparado antecipadamente. É importante que os integrantes da equipe e o diretor do curso verifiquem as fichas de inscrição e fiquem atentos aos alunos que possuem limitações ou cuidados especiais relativos à saúde. Uma caixa de primeiros socorros deve estar presente no local.
DURANTE A REALIZAÇÃO DE UM CURSO
Ser criterioso no que se refere ao horário: Atrasos podem prejudicar o andamento e aproveitamento das demais atividades propostas. A equipe deve ser coesa para fazer com que o curso transcorra de maneira organizada dentro dos horários previstos. Pontualidade gera credibilidade.
Apresentação da equipe do curso: A equipe deve ser apresentada aos alunos no início do curso. O Diretor deve destacar a formação de cada instrutor. Os instrutores devem se apresentar trajados no início, término do curso e na aplicação de sua sessão.
Integração alunos X equipe: O ambiente deve ser integrado e os alunos devem se sentir à vontade para se aproximar de equipe e sanar as suas dúvidas. E a equipe, em contrapartida deve se interessar pelo aprendizado dos alunos e ser acessível.
Aplicação do conteúdo: Sob o ponto de vista metodológico, todos os cursos devem ser acessíveis, ágeis, atrativos e estimulantes para os participantes. Este critério requer que os formadores responsáveis do curso façam uso de:
• Apresentações breves, concretas e claras em seu conteúdo;
• Exercícios práticos, que ofereçam a oportunidade de ter vivências, que permitam aos participantes incorporar o conhecimento ou habilidade desejada;
• Material gráfico que apresente rapidamente aos participantes as idéias e conceitos propostos ou discutidos; e
• Apoio audiovisual que destaque o conteúdo central de cada sessão, e que não consista apenas em desdobramento de novidades tecnológicas, que muitas vezes apenas distraem.
Bem estar (água, café e sanitários próximos): Estas facilidades devem estar acessíveis. Outros “mimos” podem ser oferecidos, como um presente ao final do curso, ou um “chocolatinho”
ao final de uma sessão ou atividade.
Avaliação dos alunos: Um momento de avaliação das sessões ministradas e da estrutura oferecida pelo curso deve ser disponibilizada.
DEPOIS DA REALIZAÇÃO DE UM CURSO
Reunião de avaliação da equipe do curso: Os aspectos positivos e negativos, dados sobre a aplicação das UD´s, comportamento e aproveitamento dos alunos, recursos utilizados, local, etc devem ser objeto de avaliação da equipe.
O Diretor do Curso pode fazer uma avaliação de sua equipe para apresentar em seu relatório para a Diretoria competente.
Comunicado de Aproveitamento: Aos participantes de Curso Preliminar, Básico e Avançado será expedido Comunicado de Aproveitamento, pelo Diretor, relatando seu desempenho, aproveitamento e recomendações feitas pela equipe do curso. O participante deverá discutir com seu assessor a avaliação recebida.
Relatório final: O Diretor deverá enviar à diretoria competente, no máximo de 30 dias, o relatório detalhado do curso.
Divulgação dos resultados e Emissão dos certificados de participação: O Diretor do Curso não deve tardar para emitir os resultados do curso, conforme as Diretrizes Nacionais de Gestão de Adultos.
Arquivamento da documentação: A Região Escoteira deve manter um registro da participação dos alunos nas atividades formativas e é responsável pelo arquivamento do relatório emitido pelo Diretor do Curso.
Agradecimentos: Agradecer é uma virtude. É de bom tom que o Diretor do Curso emita uma carta de agradecimento para sua equipe e colaboradores.
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